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Por Estêvão Bertoni, Guilherme Falcão, Caroline Lopes e Ibrahim Cesar Bevilacqua em 28 de Abr 2020
Fruto da luta pela redemocratização no Brasil, maior sistema público de saúde do mundo enfrenta estagnação de recursos ao mesmo tempo em que lida com um de seus mais duros desafios: a pandemia do coronavírus
País de dimensões continentais, com a sexta maior população do mundo, o Brasil é a única nação com mais de 100 milhões de habitantes a ter um sistema público e universal de saúde. Surgido como um “projeto civilizatório”, defendido por um grupo de médicos sanitaristas em conjunto com outros profissionais de saúde durante o processo de redemocratização nos anos 1980, o SUS (Sistema Único de Saúde) garantiu o acesso gratuito aos serviços médicos a toda a população, hoje com quase 210 milhões de pessoas.
Suas bases foram fixadas na Constituição de 1988, promulgada após uma ditadura militar que durou 21 anos. A Carta consagrou a saúde como um direito a ser garantido pelo Estado. Desde então, o SUS contribuiu significativamente para o aumento da expectativa de vida dos brasileiros e para a redução da taxa de mortalidade infantil, entre outras conquistas.
OUTRAS CONQUISTAS DO SUS
- O maior programa de vacinação do mundo, que distribui gratuitamente cerca de 300 milhões de doses de imunobiológicos por ano para combater mais de 19 doenças.
- O maior programa de transplantes de órgãos do planeta, capaz de realizar, anualmente, mais de 8.000 cirurgias.
- A excelência no cuidado com as pessoas com HIV — cujo programa distribui por ano mais de 400 milhões de unidades de antirretrovirais.
- O atendimento a dois terços dos brasileiros, de casa em casa, por meio das equipes multidisciplinares do programa Saúde da Família, maior iniciativa do mundo em atenção básica.
Apesar dos avanços, o SUS se tornou um projeto inconcluso, frequentemente ameaçado pela incapacidade do Estado de assegurar as condições para a sua sustentabilidade financeira. Enfrenta pressões econômicas de operadoras de planos de saúde, das indústrias farmacêuticas e de equipamentos médico-hospitalares.
A população convive com filas, carência de leitos, falta de profissionais ou de acesso aos medicamentos e sucateamento de unidades de saúde. Essa situação de precarização ajudou a expulsar do sistema público parte das pessoas com condições de pagar por atendimento no setor privado.
Na década de 2010, o crônico subfinanciamento ganhou novos contornos a partir de medidas de austeridade fiscal que buscam lidar com o deficit orçamentário do país. É nesse contexto que o sistema encara em 2020 um de seus mais duros desafios: a pandemia do novo coronavírus.
O Nexo apresenta abaixo uma ampla ferramenta de consulta sobre a criação do SUS. São textos, gráficos e áudios com depoimentos de especialistas que contam a história do maior sistema público de saúde do mundo. Um material para ser acessado sempre que você quiser entender os momentos-chave da construção deste marco legal, sanitário e social brasileiro.
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Colaboraram
Arte: Sariana Fernández
Dados e gráficos: Gabriel Zanlorenssi, Gabriel Maia e Lucas Gomes
Desenvolvimento: Emilio Haro e Jessica Oliveira
Edição: Conrado Corsalette e José Orenstein
Coordenação: Maia Gonçalves Fortes
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