19/9/2017 – Associação de Banqueiros Suíços diz que dinheiro foi regularizado, mas maior parte não saiu do país; Receita diz que R$ 26,6 bi retornaram
O Estado de S. Paulo
Por Jamil Chade
A anistia fiscal no Brasil e no restante da América Latina não gerou um fluxo significativo de saída de dinheiro da Suíça. Quem garante isso é o CEO da Associação dos Banqueiros Suíços, Claude Alain Margelisch. Em entrevista ao ‘Estado’, o executivo afirmou que, na maioria dos casos, o dinheiro foi regularizado. Mas não deixou a Suíça.
Segundo a Receita Federal, com o programa de repatriação, foram regularizados até abril deste ano R$ 152,7 bilhões depositados no exterior. Mas permanecem fora do Brasil R$ 126,1 bilhões. O Banco Central registrou a entrada no País de R$ 26,6 bilhões. Desses, R$ 3,5 bilhões estavam na Suíça.
Margelisch insiste que a maior parte do dinheiro ficou nos bancos do país, que exigiram regularização de seus clientes. Mas, em troca, ofereceram serviços e ajuda para completar esse processo. O México também promoveu um plano de anistia fiscal.
“Não vimos uma saída de dinheiro”, garantiu o representante dos banqueiros. “Na América Latina, a maioria dos clientes optou por ficar. Isso foi um serviço oferecido pelos bancos suíços que acompanharam seus clientes e mostraram que tinham uma oportunidade de regularizar seus ativos”, explicou.
“Os bancos recomendaram aos seus clientes: pague a multa, regularize a situação. Mas mantenha o dinheiro na Suíça, aproveitando-se de nossa expertise. Vimos isso não apenas com América Latina, mas com programas similares no passado da França, Alemanha e Itália. A maioria optou por continuar na Suíça, pois querem os serviços”, justificou.
No caso do Brasil, Margelisch apontou que “a maioria optou por regularizar sua situação”. “A lógica era de que poderiam aproveitar a ocasião para fazer isso, estar limpo em seu país.” Nem todos os bancos concordam com a constatação da entidade de que o dinheiro sul-americano não tenha saído. O Credit Suisse, um dos maiores bancos do mundo, admitiu em seu informe anual que programas de regularização na América Latina em 2016 contribuíram para uma fuga de capital do banco, que teria chegado a US$ 1,5 bilhão. O banco não citou países.
O Credit Suisse, que também vem insistindo em ter apenas clientes com recursos regularizados, é a segunda instituição financeira suíça a apontar para o mesmo fenômeno.
O banco Julius Baer indicou que teve queda de ativos em relação aos clientes das Américas. Entre dezembro de 2015 e dezembro de 2016, cerca de US$ 227 milhões de clientes do continente americano deixaram o banco. “As incertezas políticas em diversos países na região, assim como programas voluntários de repatriação, continuam a pesar, em especial no fluxo de ativos”, indicou.
ANISTIA
R$ 152,7 bi depositados no exterior foram regularizados, segundo a Receita Federal. Desse total, R$ 126,1 bi permanecem foram do País e só R$ 26,6 bi voltaram, dos quais R$ 3,5 bi estavam na Suíça.
Por Jamil Chade
A anistia fiscal no Brasil e no restante da América Latina não gerou um fluxo significativo de saída de dinheiro da Suíça. Quem garante isso é o CEO da Associação dos Banqueiros Suíços, Claude Alain Margelisch. Em entrevista ao ‘Estado’, o executivo afirmou que, na maioria dos casos, o dinheiro foi regularizado. Mas não deixou a Suíça.
Segundo a Receita Federal, com o programa de repatriação, foram regularizados até abril deste ano R$ 152,7 bilhões depositados no exterior. Mas permanecem fora do Brasil R$ 126,1 bilhões. O Banco Central registrou a entrada no País de R$ 26,6 bilhões. Desses, R$ 3,5 bilhões estavam na Suíça.
Margelisch insiste que a maior parte do dinheiro ficou nos bancos do país, que exigiram regularização de seus clientes. Mas, em troca, ofereceram serviços e ajuda para completar esse processo. O México também promoveu um plano de anistia fiscal.
“Não vimos uma saída de dinheiro”, garantiu o representante dos banqueiros. “Na América Latina, a maioria dos clientes optou por ficar. Isso foi um serviço oferecido pelos bancos suíços que acompanharam seus clientes e mostraram que tinham uma oportunidade de regularizar seus ativos”, explicou.
“Os bancos recomendaram aos seus clientes: pague a multa, regularize a situação. Mas mantenha o dinheiro na Suíça, aproveitando-se de nossa expertise. Vimos isso não apenas com América Latina, mas com programas similares no passado da França, Alemanha e Itália. A maioria optou por continuar na Suíça, pois querem os serviços”, justificou.
No caso do Brasil, Margelisch apontou que “a maioria optou por regularizar sua situação”. “A lógica era de que poderiam aproveitar a ocasião para fazer isso, estar limpo em seu país.” Nem todos os bancos concordam com a constatação da entidade de que o dinheiro sul-americano não tenha saído. O Credit Suisse, um dos maiores bancos do mundo, admitiu em seu informe anual que programas de regularização na América Latina em 2016 contribuíram para uma fuga de capital do banco, que teria chegado a US$ 1,5 bilhão. O banco não citou países.
O Credit Suisse, que também vem insistindo em ter apenas clientes com recursos regularizados, é a segunda instituição financeira suíça a apontar para o mesmo fenômeno.
O banco Julius Baer indicou que teve queda de ativos em relação aos clientes das Américas. Entre dezembro de 2015 e dezembro de 2016, cerca de US$ 227 milhões de clientes do continente americano deixaram o banco. “As incertezas políticas em diversos países na região, assim como programas voluntários de repatriação, continuam a pesar, em especial no fluxo de ativos”, indicou.
ANISTIA
R$ 152,7 bi depositados no exterior foram regularizados, segundo a Receita Federal. Desse total, R$ 126,1 bi permanecem foram do País e só R$ 26,6 bi voltaram, dos quais R$ 3,5 bi estavam na Suíça.