A Oxfam – não, não é uma associação de comunistas, mas de ativistas sociais criada por um clérigo anglicano, Theodore Milford – divulgou seu relatório de 2019 (aqui, em PDF) sobre a concentração de riqueza no mundo, com resultados muito semelhantes aos divulgados ontem pela Bloomberg.
A crise financeira mundial de 2008, que deixou – e ainda deixa – um déficit de dezenas de milhões de empregos entre os trabalhadores, não impediu que dobrasse o número de bilionários (em dólares) no mundo . Em 10 anos o número de bilionários dobrou e são, hoje, 2.208. Só no ano passado, a riqueza desta turma aumentou em US$ 900 bilhões, ou US$ 2,5 bilhões por dia.
Enquanto isso, a riqueza da metade mais pobre da humanidade, 3,8 bilhões de pessoas, caiu 11%.
No Brasil, eram 42 bilionários em 2018, com riqueza total de US$ 176,4 bilhões.
Os 26 homens mais ricos do mundo concentram a mesma riqueza dos 3,8 bilhões de pessoas que compõem a metade mais pobre da humanidade, que vive com uma renda de menos de US$ 5,50 por dia.
Boa parte disso deve-se àquilo que é frequentemente demonizado pelo discurso da direita: a carga tributária. O gráfico ao lado, que integra o relatório, mostra como a tributação vem caindo vertiginosamente, desde que passou a ser bandeira das políticas econômicas neoliberais.
Descreve o relatório: ” desde a crise financeira de 2007-08, o ônus tributário passou das empresas para as famílias, e que os impostos sobre folha de pagamento e consumo, como o IVA, respondem por todo o aumento líquido da receita tributária. Esses impostos costumam ser regressivos porque os pobres pagam uma parcela maior de sua renda; consequentemente, os impostos sobre o consumo aumentam a desigualdade”.