Desde que a personagem Niara foi criada em dezembro pelo cartunista Aroeira para auxiliar no entendimento da injustiça tributária no Brasil, a mascote da campanha Tributar os Super-Ricos foi ganhando simpatia país afora.
As tiras semanais, publicadas às sextas-feiras nas redes sociais da campanha e multiplicadas nos espaços das 70 entidades nacionais apoiadoras da campanha, vêm nutrindo ideias para o apoio da pré-adolescente atenta a diferentes causas.
Impressos e camisetas
Várias organizações estão imprimindo as tiras reunidas e distribuindo os livretos a estudantes e população como forma de orientar sobre questões de desigualdade e cidadania. Para ver o livreto, clique aqui.
O Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) do Ceará fez o primeiro livreto para distribuir com as cestas básicas entregues à população em situação de vulnerabilidade. A Frente em Defesa do Serviço Público de Ribeirão Preto imprimiu 500 exemplares para acompanhar as os alimentos doados à comunidade.
Pesquisa recente demonstra que metade da população – 116 milhões de pessoas – não tem comida suficiente para garantir segurança alimentar.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) igualmente entregará as tirinhas da Niara impressas com cestas básicas em Brasília. A mascote também já figura em camisetas de diferentes cores em Brasília com a bandeira da taxação das grandes fortunas, como às produzidas pelo Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro/DF).
Personagem de causas sociais
Para reunir os quadrinhos, em um único ambiente, foi criada uma aba no site do Instituto Justiça Fiscal agrupando todos os desenhos e agregando a nova tira a cada semana www.ijf.org.br/niara. A partir dessa semana o livreto está disponível tanto para ser enviado em formato PDF ou ser impresso.
Nestas 20 semanas de vida, Niara trouxe temas das variadas e complexas situações do país sempre com a perspectiva da injustiça fiscal. Entre eles a falta da vacina contra a Covid-19 para imunizar a população com rapidez; o Natal e o abismo dessa data para ricos e pobres; a volta do país ao Mapa da Fome; a diferença salarial entre homens e mulheres, o feminicídio e o maior impacto dos tributos sobre as mulheres abordados no mês que marca o Dia Internacional da Mulher; o golpe de 64, período de enriquecimento ilícito de parte das grandes fortunas, são alguns assuntos colocados a cada semana.
Os assuntos contextualizam com justiça fiscal e a extrema concentração de renda que faz o Brasil campeão do mundo nessa profunda injustiça, em que só perde para o Catar. O país é também o nono mais desigual do mundo e se multiplicam situações e fatos relacionados à profunda miséria que atinge grande parte da população em decorrência da extrema riqueza, que resulta em 65 brasileiros entre os mais ricos do mundo pelo ranking da revista Forbes, onze entraram neste seleto grupo durante a pandemia.
Projetos ainda não tramitam
A campanha Tributar os Super-Ricos é um movimento nacional para aprovar oito projetos que permitem arrecadar R$ 300 bilhões ao ano tributando apenas 0,3% mais ricos – 59 mil pessoas de um total de 210 milhões de brasileiros.
As propostas de alterações tributárias foram apresentadas ao Congresso Nacional em agosto de 2020, integrando a primeira etapa da campanha. A segunda etapa iniciou em outubro, quando mais de 70 organizações se engajaram na campanha para disseminar as propostas junto à sociedade e viabilizar sua aprovação. Os projetos são de simples tramitação e apenas um necessita emenda à Constituição. A terceira etapa está em andamento para garantir que os projetos comecem a tramitar e sejam apreciados pelos parlamentares.
“É uma campanha para salvar vidas e recuperar a economia cobrando dos super-ricos que historicamente são isentos ou pouco tributados”, resume a presidente do Instituto Justiça Fiscal, Maria Regina Paiva Duarte, uma das entidades que coordenam o movimento.