“O trabalhador inserido na uberização está longe de achar que a moto dele é uma microempresa”. Entrevista especial com Ludmila Costhek Abílio

Pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) da Faculdade de Economia da Unicamp, Ludmila Costhek Abílio é um dos nomes mais significativos nos estudos voltados à uberização do trabalho no Brasil. Autora de Sem Maquiagem (2014), no qual investiga as relações de trabalho em torno das revendedoras de cosméticos na indústria de beleza brasileira, ela vê a uberização como um processo de generalização de modelos de exploração do trabalho tipicamente periféricos, por meio de tecnologias que se apropriam da busca humana por autonomia. Longe de ser algo neutro, gerado de forma automática por sistemas que buscam solucionar problemas humanos, o gerenciamento algorítmico se mostra uma forma de cisão entre o ser humano e a tarefa que ele executa: a eficiência da força de trabalho é potencializada, enquanto o trabalhador tem que arcar, sozinho, com o ônus de garantir a própria sobrevivência.

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