O afeto que existe na educação fiscal

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Germana Belchior

Parece incompatível, mas existe uma dimensão afetiva no fisco. Isso se dá pela educação fiscal. Afinal, devemos buscar constituir uma ambiência favorável ao diálogo e à formação do senso crítico, com empatia. Propor ressignificar conceitos relativos à tributação, à cidadania e ao controle social é um desafio em qualquer sociedade, e mediar pela afetividade se faz necessário, assim como todo processo de construção do conhecimento.

A noção de cidadania fiscal ainda é incipiente em países como o Brasil, em que a maioria dos cidadãos, por ausência de conscientização política e da necessidade de controle social dos recursos arrecadados, não verificam como ocorre a aplicação das receitas provenientes de tributos e a gestão do orçamento público e forma geral. Isso dá margem para que o dinheiro público seja mal aplicado ou ainda desviado da finalidade.

Nesse contexto, a educação fiscal tem ocupado espaço de discussão nas diversas esferas institucionais e acadêmicas, atestando a importância e a atualidade do debate. Nenhuma nação se constrói sem uma educação libertadora e que aponte para uma compreensão solidária entre as pessoas, permitindo a reflexão e a apropriação de elementos que trazem, em sua essência, o exercício político de ser cidadão. Uma educação libertadora, segundo Paulo Freire, é, antes de tudo, afetuosa. Não existe educação sem afeto, empatia e tolerância. Não se aprende verdadeiramente com uma mera reprodução e imposição do conhecimento. Aprendizado é construção dialógica e horizontal. Diante desses desafios, a educação fiscal busca restaurar valores, promover a ética, a solidariedade, a inclusão social, a diversidade e o resgate do papel do servidor público. São preceitos que retratam uma amorosidade social e nos permitem, como expressa Edgar Morin, uma vivência de aprendizado da nossa identidade humana, na promoção de uma relação mais harmoniosa entre Estado, indivíduo e sociedade.


Fonte: https://mais.opovo.com.br/jornal/opiniao/2021/07/15/germana-belchior–o-afeto-que-existe-na-educacao-fiscal.html