Empresas que devem quase R$ 1,5 bi ao governo doaram a campanhas. FSP 05-08-2013.

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As principais campanhas políticas de 2010 no Brasil foram bancadas por empresas que devem dinheiro ao governo federal.

De cada R$ 100 injetados naquela campanha presidencial, quase R$ 30 vieram de empresas inscritas na Dívida Ativa da União, lista de devedores que, segundo o governo, não pagaram impostos ou deixaram de recolher a contribuição para a Previdência Social. No total, as doadoras devem quase R$ 1,5 bilhão.

Só entram na lista, organizada pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), os casos em que já se esgotaram recursos administrativos ou devedores que não contestaram os débitos na Justiça.

A lista é atualizada diariamente, mas, se uma empresa pagar seu débito hoje, pode demorar sete dias a sair dela.

A Folha cruzou a lista com a de centenas de doadores que colocaram acima de R$ 100 mil nas candidaturas de Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva, além dos valores recebidos em 2010 pelos diretórios nacionais de PT, PMDB, PSB, PSDB, DEM e PV.

Os partidos e os políticos receberam, no total, R$ 695,8 milhões em doações de empresas devedoras ou em situação regular. Desse montante, R$ 198,5 milhões (28%) vieram de empresas inscritas na Dívida Ativa da União.

No total, 76 empresas que doaram a campanhas devem à Receita Federal. O valor da dívida, até a sexta passada, era de R$ 1.486.628.400,63.

Na prática, para cada R$ 1 que essas empresas injetaram nas eleições, elas devem outros R$ 7 ao governo. Desse grupo, 31 doaram mais do que devem. Ou seja, teriam como quitar a dívida com a União.

O financiamento de campanha é ponto central da reforma política que há anos o Congresso discute e que voltou à cena no mês passado.

Depois do início da onda de protestos no país, em junho, uma resposta de Dilma foi sugerir um plebiscito para que o eleitor decida, entre outros pontos, como as campanhas devem ser bancadas.

ROMBO

Os dez maiores devedores da lista representam os mais variados setores econômicos.

A mais endividada é a Bombril, que pôs R$ 150 mil na campanha de Dilma e responde por mais da metade do débito de quase R$ 1,5 bilhão das empresas que devem ao Fisco, mas fazem doações.

Em segundo, vem a Copersucar, maior grupo de venda de açúcar e etanol no país. Doou R$ 4,35 milhões a Dilma, Serra, Marina e PT. A dívida passa de R$ 147 milhões.

Integrante do maior conglomerado do setor de carnes do mundo, a JBS deve R$ 66 milhões. Em 2010, injetou R$ 18,1 milhões nas campanhas de Dilma e Serra, além de PT, DEM, PMDB e PSDB. Outra devedora é parceira da Petrobras: a Iesa Óleo e Gás.

A farmacêutica Infan deve R$ 99,3 milhões doou R$ 100 mil a Dilma. A situação da empresa se agravou em abril deste ano, quando a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) mandou suspender a produção de quase todos os seus medicamentos, cosméticos e alimentos.

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