Desigualdade de renda sobe pelo 17º trimestre seguido

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A desigualdade de renda dos trabalhadores aumentou nos 3 primeiros meses de 2019 e atingiu o maior nível em ao menos 7 anos. O levantamento foi feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) com base na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios) do IBGE e divulgado pelo jornal Valor Econômico nesta 2ª feira (20-05-2019).

O índice de Gini –que mede o grau de desigualdade em uma escala entre 0 e 1, sendo 0 a igualdade perfeita e 1 a maior desigualdade possível– do rendimento domiciliar per capita do trabalho no 4ª trimestre de 2018 foi 0,625. O valor dos 3 primeiros meses deste ano aumentou para 0,627.
O aumento se deu pelo 17º trimestre consecutivo. E é o maior da série histórica, desde o 1º trimestre de 2012. Na época, o índice marcava 0,608. O menor crescimento da série foi percebido no 4º trimestre de 2013, quando estava em 0,598.

As oscilações na relação entre a renda média dos 10% mais ricos e dos 40% mais pobres indicam que desde novembro de 2015 essa desigualdade vem subindo. De acordo com o levantamento, a variação acumulada real da renda média entre os mais ricos (10% da população) e os mais pobres (40% da população) mostra que, no período pré-crise (até 2015), os mais ricos tiveram aumento real de 5% e os mais pobres, o dobro, 10%. Depois, no pós-crise, a renda acumulada real dos mais ricos aumentou 3,3% e a dos mais pobres caiu mais de 20%. Observando-se toda a série histórica, desde 2012, a renda real acumulada dos mais ricos aumentou 8,5% e a dos mais pobres caiu 14%.

Ao jornal, Daniel Duque, pesquisador do Ibre/FGV e autor do levantamento, afirmou que a desigualdade foi potencializada pela crise no mercado de trabalho. E que a maioria das vagas foram concentradas entre pessoas com melhores qualificações e experiências.

“O desalento [desistência na busca de um emprego] vem batendo recorde e ajuda a explicar por que, mesmo com redução do desemprego no ano passado, a desigualdade seguiu crescendo. São pessoas que estão em domicílios já de menor qualificação, de menor renda, e que desistiram de procurar trabalho”, disse Duque.

De acordo com Duque, os mais pobres sentem muito mais o impacto da crise por sua vulnerabilidade social. “Há menos empresas contratando e demandando trabalho, ao passo que há mais pessoas procurando. Essa dinâmica reforça a posição social relativa de cada um. Quem tem mais experiência e anos de escolaridade acaba se saindo melhor do que quem não tem”, explica Duque. Ele acrescentou que a lenta recuperação do mercado de trabalho, ao beneficiar mais os profissionais com melhores qualificações, aprofundou a desigualdade e potencializou o desalento, situação em que o trabalhador desiste de procurar emprego.