Na noite dessa quinta-feira, 08 de maio, o Diretor de Assuntos Institucionais do Instituto Justiça Fiscal – IJF, Dão Real Pereira dos Santos, esteve no auditório da Faculdade de Cieências Econômicas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, participando de um debate sobre a influência das relações econômicas nas estruturas de poder no Brasil, promovido pelo Diretório Central dos Estudantes – DCE – Gestão Seguir em parceria com a Cooperativa EITA – Educação, Informação e Tecnologia para Autogestão.
Inicialmente o engenheiro de computação Alan Tygel, da Cooperativa EITA, apresentou o projeto denominado “Proprietários do Brasil”, desenvolvido pela Cooperativa e pelo Instituto Mais Democracia, que mostra a intrincada e complexa relação entre as empresas nacionais e estrangeiras, revelando quem efetivamente controla e tem o poder nesta estrutura. Tygel revelou aos presentes que a tarefa de elaborar o ranking das empresas não foi tarefa simples, especialmente pela dificuldade de obter dados e informações. “Mesmo tendo conseguido os dados, depois de um tempo considerável, ainda precisávamos tratá-los, pois havia números de CNPJ incorretos, por exemplo”. O principal objetivo do “Proprietários do Brasil” é avaliar o poder econômico das empresas, não somente suas receitas, faturamento, mas sim quem efetivamente as controla e como isso afeta a aplicação de recursos públicos no País.
O IJF, por sua vez, tratou das relações econômicas dentro do Congresso Nacional, vez que o projeto “Donos do Congresso”, de responsabilidade do Instituto, revela quem são os principais financiadores das campanhas eleitorais dos deputados e senadores. Empresas do ramo da construção civil, conglomerados financeiros, grandes indústrias e corporações são as que mais doaram recursos para as campanhas, as quais tiveram seus custos fortemente elevados nos últimos anos. Não por acaso as empresas que apareceram nos primeiros lugares no ranking dos “Proprietários do Brasil” estão ocupando posição de destaque na lista dos maiores doadores no “Donos do Congresso”. Segundo Dão Real, “o objetivo não é desqualificar a política, mas sim oferecer um instrumento para que o cidadão eleitor conheça efetivamente os interesses do candidato que elegeu, saiba que interesses os eleitos vão representar”.
O professor de jornalismo da Unisinos e de Relações Internacionais da faculdade ESPM Bruno Lima Rocha, que intermediou o debate, fez menção, ainda, aos problemas relativos à área da Comunicação, lembrando que também ali há muita concentração de poder. “Não há como esperar grandes alterações com a estrutura que temos”, disse ele. No projeto de reforma apresentada pelo deputado Fontana está prevista a possibilidade de maior participação popular em termo de proposição de projetos de lei, de alterações na Constituição, melhoria no processo de plebiscito e referendo e isso “passou batido”, nos termos do professor Bruno.
O debate foi interessante e oportuno, tendo em vista que é preciso que a sociedade se aproprie das informações e tenha instrumentos que viabilizem a participação nas propostas de mudança que se fazem necessárias, como o “Proprietários do Brasil” e “Donos do Congresso”.